Onça e Caçador
Um pacto estranho garante que a onça só atacará se o caçador mentir sobre o encontro — quem ganha o jogo lógico?
História resumida
Um caçador e uma onça falante firmam um trato: o caçador só pode dizer uma frase antes da decisão final.
- Se a frase for verdadeira, a onça promete deixá-lo ir.
- Se for falsa, ele se torna jantar.
- O caçador responde: "Você vai me devorar".
Análise lógica
Chame a frase de \(P\). Dois cenários:
- Onça devora \(\Rightarrow\) \(P\) era verdadeiro \(\Rightarrow\) trato exige libertá-lo.
- Onça liberta \(\Rightarrow\) \(P\) era falso \(\Rightarrow\) deveria devorá-lo.
O ciclo contraditório mostra que não há ação consistente; a onça fica paralisada.
Árvore de decisão
Visualize o jogo com uma árvore binária:
- Nó raiz: declaração \(P\).
- Galho 1 (devorar): etiqueta "verdade"; seta retornando ao nó com conflito.
- Galho 2 (libertar): etiqueta "falsidade"; seta retornando ao nó com conflito.
Em ambos os casos, a seta volta ao ponto inicial, formando um ciclo impossível.
Variantes narrativas
- Poço e dragão: herói responde "você vai me comer"; dragão trava.
- Robô guardião: promete liberar apenas quem disser uma verdade; basta prever o futuro.
- Contrato mágico: cláusulas que dependem da própria execução do contrato.
Curiosidades
- O paradoxo aparece em livros de recreação matemática brasileiros desde os anos 1960.
- Serve como introdução amigável ao paradoxo do mentiroso.
- Jogos de tabuleiro modernos incluem cartas com contratos autorreferentes inspirados nessa história.
Mini exercícios
- Escreva uma nova frase para o caçador que também mantenha a onça presa na lógica.
- Modele a história em pseudocódigo com condicionais e identifique o loop.
- Explique como a onça poderia alterar o trato para evitar paradoxos.
Conclusão
Contratos mágicos que dependem da resposta do próprio contrato acabam se enroscando com a verdade, deixando a onça em silêncio quando espera rugir.